26.3.10

No corpo feminino...



No corpo feminino, esse retiro


- a doce bunda - é ainda o que prefiro.


A ela, meu mais íntimo suspiro,


Pois tanto mais a apalpo quanto a miro.


Que tanto mais a quero, se me firo


Em unhas protestantes, a respiro


A brisa dos planetas, no seu giro


Lento, violento...


Então, se ponho tiro


A mão em concha - a mão, sábio papiro,


Iluminando o gozo, qual lampiro.


Ou se, dessedentado, já me estiro,


Me penso, me restauro, me confiro,


O sentimento da morte ei que adquiro:


De rola, a bunda torna-se vampiro.





Carlos Drummond de Andrade

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